A Avaliação Educacional, nos dias
atuais, é considerada um campo abrangente que comporta teorias, processos,
métodos específicos, subáreas com características diferentes. A definição de
Avaliação Educacional abarca avaliação de sistemas educacionais, de desempenho
escolar em sala de aula, de rendimento escolar com objetivo de macroanálises,
de programas, avaliação institucional e autoavaliação com diferentes enfoques
teóricos, como avaliação sistêmica, avaliação iluminativa ou compreensiva, avaliação
participativa. Entretanto, segundo Gatti (2001:17), quando se fala em Avaliação
Educacional, o que vem à mente é a de rendimento escolar ou de desempenho,
confundida com a ideia de mediada pontual. Considerar que os modelos usuais de
avaliação eram e são defendidos sob a égide da preparação de elites,
firmando-se por centenas de anos a avaliação seletiva como cultura
preponderante. Esta seletividade, segundo Gatti (2001: 18), só tornou-se objeto
de discussão política quando um número significativo de estudantes, na década
de 60, ao procurar o ensino superior, encontrou grande barreira nos
vestibulares. Se refletirmos sobre os índices de reprovação e os anos,
poderemos observar que, somente no final da década de 1960 e início da década
de 1970, iniciaram-se as discussões sobre a reprovação e evasão escolar em
massa que ocorria no ensino fundamental. Questões de reprovação e evasão se
naturalizavam no cotidiano escolar, uma vez que fazer alunos “repetirem” o ano
por conta de avaliações rigorosas que os levavam a insucessos ininterruptos não
era o mote das discussões. O fato dos processos avaliativos estarem presentes
no cotidiano escolar, em todos os níveis de ensino, faz com que as pessoas
relacionem de imediato a este tipo de avaliação quando se fala em avaliação
educacional.
Concorrem também nesta relação os exames de massa
como os vestibulares, oENADE, o Enem, o Saeb. Entretanto, para estas relações,
concorre também a falta de recursos humanos que tenham domínio deste campo. A
falta de profissionais com base sólida em avaliação educacional constituiu-se
em um entrave referente à questão do domínio adequado do campo avaliativo e de
seus avanços.
Entretanto, esta área só mereceu atenção e análise
crítica há pouco tempo, se comparada à atenção a ela dada em outros países.
Conforme Gatti (2001: 18), “isto ocorreuem razão das políticas educacionais,
instituídas nacionalmente e, em alguns Estados, pela ampliação do debate sobre
os problemas que envolvem a reprovação escolar das pessoas social e
culturalmente desfavorecidas.”
O desenvolvimento do campo avaliativo no Brasil se
deu de forma truncada. Tal fato pode ser observado quando, nas primeiras
décadas do século XX, devido à égide da psicometria, uma resistência no meio
acadêmico, não se enfatizando a avaliação nas produções acadêmicas,
dificultou-se ainda mais o seu fortalecimento enquanto campo de estudo e
pesquisa.
Na década de 1960, as perspectivas tecnicistas são
incorporadas no contexto das políticas desenvolvimentistas do período e,
consequentemente, neste panorama, a avaliação. No final da década de 1970 e
início de 1980, a avaliação é colocada sob suspeita, devido às discussões sobre
o acesso dos alunos ao ensino superior e os vestibulares se constituírem em
órgão seletivo.
Estas questões constituem-se em um entrave para a
consolidação do campo avaliativo no país, uma vez que houve uma desqualificação
dos processos avaliativos, principalmente pela incorporação dos testes
objetivos.
Entretanto, no fim dos anos de 1980 e início dos
anos de 1990, com a introdução de políticas educacionais, são questionados
alguns dos pressupostos avaliativos, no sentido de estruturar um sistema
nacional de avaliação da educação básica.
Segundo Gatti (2001: 19), “essa iniciativa do Ministério da
Educação
logo é acompanhada de
iniciativas semelhantes em outros Estados da Federação, cada qual com seu
modelo específico”. Porém, ainda ocorrem dificuldades no sentido de formação de
especialistas na área avaliativa. Nessa época, a carência de formação básica na
área avaliativa não era contemplada em cursos superiores, tornando-se um
obstáculo à continuidade desses processos e, consequentemente, dificultando o
trabalho de formação de equipes e a formação de outros.
Referências
GATTI, Bernadete A. “Avaliação educacional no
Brasil: pontuando uma história de ações.” In: Eccos Revista Científica,
v. 4, n. 1, jun. São Paulo: Centro Universitário Nove de Julho, 2001: 17-41.