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segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

AVALIAÇÃO EDUCACIONAL NO BRASIL: PONTUANDO UMA HISTÓRIA DE AÇÕES


A Avaliação Educacional, nos dias atuais, é considerada um campo abrangente que comporta teorias, processos, métodos específicos, subáreas com características diferentes. A definição de Avaliação Educacional abarca avaliação de sistemas educacionais, de desempenho escolar em sala de aula, de rendimento escolar com objetivo de macroanálises, de programas, avaliação institucional e autoavaliação com diferentes enfoques teóricos, como avaliação sistêmica, avaliação iluminativa ou compreensiva, avaliação participativa. Entretanto, segundo Gatti (2001:17), quando se fala em Avaliação Educacional, o que vem à mente é a de rendimento escolar ou de desempenho, confundida com a ideia de mediada pontual. Considerar que os modelos usuais de avaliação eram e são defendidos sob a égide da preparação de elites, firmando-se por centenas de anos a avaliação seletiva como cultura preponderante. Esta seletividade, segundo Gatti (2001: 18), só tornou-se objeto de discussão política quando um número significativo de estudantes, na década de 60, ao procurar o ensino superior, encontrou grande barreira nos vestibulares. Se refletirmos sobre os índices de reprovação e os anos, poderemos observar que, somente no final da década de 1960 e início da década de 1970, iniciaram-se as discussões sobre a reprovação e evasão escolar em massa que ocorria no ensino fundamental. Questões de reprovação e evasão se naturalizavam no cotidiano escolar, uma vez que fazer alunos “repetirem” o ano por conta de avaliações rigorosas que os levavam a insucessos ininterruptos não era o mote das discussões. O fato dos processos avaliativos estarem presentes no cotidiano escolar, em todos os níveis de ensino, faz com que as pessoas relacionem de imediato a este tipo de avaliação quando se fala em avaliação educacional.
Concorrem também nesta relação os exames de massa como os vestibulares, oENADE, o Enem, o Saeb. Entretanto, para estas relações, concorre também a falta de recursos humanos que tenham domínio deste campo. A falta de profissionais com base sólida em avaliação educacional constituiu-se em um entrave referente à questão do domínio adequado do campo avaliativo e de seus avanços.
Entretanto, esta área só mereceu atenção e análise crítica há pouco tempo, se comparada à atenção a ela dada em outros países. Conforme Gatti (2001: 18), “isto ocorreuem razão das políticas educacionais, instituídas nacionalmente e, em alguns Estados, pela ampliação do debate sobre os problemas que envolvem a reprovação escolar das pessoas social e culturalmente desfavorecidas.”
O desenvolvimento do campo avaliativo no Brasil se deu de forma truncada. Tal fato pode ser observado quando, nas primeiras décadas do século XX, devido à égide da psicometria, uma resistência no meio acadêmico, não se enfatizando a avaliação nas produções acadêmicas, dificultou-se ainda mais o seu fortalecimento enquanto campo de estudo e pesquisa.
Na década de 1960, as perspectivas tecnicistas são incorporadas no contexto das políticas desenvolvimentistas do período e, consequentemente, neste panorama, a avaliação. No final da década de 1970 e início de 1980, a avaliação é colocada sob suspeita, devido às discussões sobre o acesso dos alunos ao ensino superior e os vestibulares se constituírem em órgão seletivo.
Estas questões constituem-se em um entrave para a consolidação do campo avaliativo no país, uma vez que houve uma desqualificação dos processos avaliativos, principalmente pela incorporação dos testes objetivos.
Entretanto, no fim dos anos de 1980 e início dos anos de 1990, com a introdução de políticas educacionais, são questionados alguns dos pressupostos avaliativos, no sentido de estruturar um sistema nacional de avaliação da educação básica.
Segundo Gatti (2001: 19), “essa iniciativa do Ministério da Educação
logo é acompanhada de iniciativas semelhantes em outros Estados da Federação, cada qual com seu modelo específico”. Porém, ainda ocorrem dificuldades no sentido de formação de especialistas na área avaliativa. Nessa época, a carência de formação básica na área avaliativa não era contemplada em cursos superiores, tornando-se um obstáculo à continuidade desses processos e, consequentemente, dificultando o trabalho de formação de equipes e a formação de outros.
Referências
GATTI, Bernadete A. “Avaliação educacional no Brasil: pontuando uma história de ações.” In: Eccos Revista Científica, v. 4, n. 1, jun. São Paulo: Centro Universitário Nove de Julho, 2001: 17-41.