A
avaliação é uma prática social, estamos sempre avaliando, fazendo escolhas.
Avaliamos o que queremos e o que não queremos, o que é mais adequado às nossas
necessidades e o que não é, enfim, fazemos opções e, para chegar à conclusão de
pelo que optar, estamos ponderando, selecionando, analisando e decidindo, então
estamos avaliando.
Na escola,
quando temos todas essas ações, estamos avaliando a aprendizagem e o
desenvolvimento das crianças. No entanto, para que essa avaliação seja
pertinente, deve acontecer a partir de uma seleção criteriosa de aspectos a ser
avaliados: objetivos e conteúdos (se foram adequados ou não) e estratégias (se
possibilitaram avanços, permitiram intervenções ou não).
Não podemos
esquecer que a avaliação é um processo, ou seja, não devemos ter um olhar para
as crianças apenas, mas também para todos os fatores e sujeitos que estão
envolvidos nas ações, atividades, intenções e objetivos do desenvolvimento da
criança no espaço da escola de Educação Infantil; precisamos avaliar, também, o
trabalho que lá é desenvolvido.
Avaliar não é
uma tarefa fácil, principalmente na Educação Infantil, pois muitas vezes ainda
encontramos concepções de avaliação que estão pautadas na classificação dos
alunos.
Historicamente,
sabemos que a avaliação servia de instrumento para separar os que sabiam dos
que não sabiam, verificar o quanto os alunos aprenderam a partir do ensinado
pelo professor e, se não atingissem o esperado, eram reprovados. Avaliar
significava medir.
Os
estudos mais atuais diferenciam-se desse tipo de avaliação, considerando a
análise dos processos de ensinar e aprender, buscando estratégias para
diagnosticar o que as crianças já sabem sobre determinado assunto, analisando
os avanços alcançados por elas em determinado período.
Essa
forma de avaliar não compara a criança com padrões pré-estabelecidos, mas sim o
percurso percorrido em determinado tempo por ela mesma, indicando avanços e
dificuldades.
Avaliação
é aqui entendida como mediadora entre a ação educativa e a aprendizagem e o
desenvolvimento da criança.
O
educador tem um papel importante, pois para construir essa prática avaliativa
deverá preocupar-se mais com o processo do que com os resultados e, quando
estamos ressaltando a importância do processo, o professor e o trabalho que
este desenvolve é parte dele.
Essa
prática avaliativa é muito mais dinâmica e exige do professor observar todas as
situações cotidianas em que ocorrem a aprendizagem. Nesse processo, não só o
professor é sujeito importante, os outros profissionais que trabalham na escola
e a família também têm esse papel.
Por que o
professor e a instituição avaliam?
Para que
por meio da observação e do registro o professor possa acompanhar os avanços
das crianças, e a partir dessas informações refletir sobre alternativas,
estratégias e intervenções necessárias para ampliar o percurso das crianças,
bem como refletir sobre seu fazer e sua formação.
A
instituição avalia para analisar e reorganizar sua estrutura e seu
funcionamento em função das necessidades apontadas pelas crianças, pais e
professores. Para repensar sua proposta e a formação dos profissionais que ali
atuam, ou seja, quando avaliamos o desenvolvimento – os avanços das crianças –,
tudo e todos os envolvidos estão sendo avaliados; essa é a dimensão pedagógica
da avaliação, é a melhor e mais correta forma de avaliar.
Como
avaliar?
Não é
possível avaliar a partir de uma listagem de comportamentos, objetivos e
aprendizagens pré-estabelecidas, pois, com base no que já foi dito, a
observação do desenvolvimento das crianças é o principal instrumento
avaliativo.
A
avaliação deve ser orientada por metas e objetivos claros, definidos na
proposta pedagógica da instituição e concretizados na prática educativa.
Além da
observação, o registro é, também, um instrumento avaliativo. Esse registro pode
acontecer por meio de diferentes instrumentos como: relatórios diários e
gerais, fotografias, portfólios, desenhos das crianças etc. O importante é
pensar no significado dos registros, nas reflexões que eles suscitam, na
análise que é possível fazer daquilo que se observou e a partir daí identificar
as melhores intervenções a ser realizadas. (Saiba mais sobre o assunto
ao final da aula)
O
registro é também importante fonte documental da história e do processo de
trabalho e desenvolvimento das crianças.
Quando
avaliar?
Nas
atividades em grupo, nos jogos, nas brincadeiras coletivas e individuais, nas
atividades que envolvam ou não desafios referentes às áreas de conhecimento, em
todos os momentos da rotina, na interação com as outras crianças e com os adultos,
enfim, em todos os momentos o professor poderá avaliar.
O
importante é ter objetivos claros e olhar focado para essa avaliação, é preciso
saber o que se quer observar, por que e como fazê-lo – para que as preciosas
informações não se percam e tenham realmente uma utilidade avaliativa do
trabalho que é desenvolvido e possibilitem pensar novas atividades, propostas e
formas de organização dos espaços e do tempo nas instituições de Educação
Infantil.
O que
acontece quando o professor percebe que o aluno tem dificuldades e continua a
aula?
Construindo
registros de acompanhamento e relatórios de avaliação
Registrar
é a forma de não ser “enganado” pela memória. É a forma de não esquecer o que é
importante. E o importante é acompanhar as conquistas e os avanços das crianças
em diferentes situações.
Além
disso, registrar é uma forma de refletir sobre os acontecimentos, o que deu
certo ou não, o que não foi pensado, mas que agora pode ser melhorado. Sabemos
que muitas vezes registrar é difícil porque deixa marcas, compromete, como
diria Madalena Freire.
Saiba
mais: HOFFMANN,
Jussara. O jogo do contrário em avaliação. Porto Alegre: Mediação,
2005.
Quando
registramos o que está acontecendo com a criança, temos a possibilidade de
pensar quais os motivos que a levam a se comportar desta ou daquela maneira e
de mediar suas relações com o ambiente e com as outras crianças, favorecendo
seu avanço no processo de desenvolvimento.
O
registro tem a função de oferecer ao professor elemento para que ele decida
como encaminhar seu trabalho, de modo a promover o desenvolvimento das
crianças. A partir dos registros diários, o professor poderá construir os
relatórios de avaliação que trazem a visão da criança por um período maior de
tempo.
Eles
trazem, também, os aspectos relativos ao conhecimento de mundo que as crianças
vão construindo ao longo do processo educativo. Para construirmos tanto os
registros diários quanto os relatórios periódicos de avaliação, precisamos nos
basear naquilo que pretendemos com o nosso trabalho. Por isso, o primeiro passo
para construir um relatório é rever os objetivos estabelecidos no planejamento.
Em
relação à apropriação dos saberes, não é suficiente sabermos se os estudantes
dominam ou não determinado conhecimento ou se desenvolveram ou não determinada
capacidade. É preciso entender o que sabem sobre o que ensinamos, como eles
estão pensando, o que já aprenderam e o que falta aprender. Essa mudança de
postura é o que diferencia os professores que olham apenas o produto da
aprendizagem (respostas finais dadas pelos alunos) e os que analisam os
processos (as estratégias usadas para enfrentar os desafios).
Saiba
mais
Hernández
define portfólio como: um conjunto de diferentes tipos de documentos (anotações
pessoais, experiências de aula, controles de aprendizagem, conexões com outros
temas fora da escola, representações visuais etc.) que proporciona evidências
dos conhecimentos que foram sendo construídos, as estratégias utilizadas para aprender
e a disposição de quem elabora para continuar aprendendo.
HERNÁNDEZ,
Fernando. Cultura visual, mudança educativa e projetos de trabalho.
Porto Alegre: Artes Médicas, 2000, p. 166.
Referência
BARBOSA,
Maria Carmen Silveira. O acompanhamento das aprendizagens e a avaliação.
Pátio Educação Infantil. Ano II. n. 4. abr-jul 2004. p. 16-19.
PERRENOUD,
Phillipe. Avaliação: da excelência à regulação das aprendizagens –
entre duas lógicas. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1999.
VASCONCELLOS,
Celso. Avaliação da aprendizagem: práticas da mudança – por uma
práxis transformadora. São Paulo: Libertad, 2003.
CONCLUSÃO
PESSOAL
O texto nos demonstra a dificuldade de
avaliar, pois antes de realizarmos tal ato, devemos nos concentrar quais os
métodos avaliativos de que forma avaliar e quais as estratégias de avaliação.
Esta avaliação poderá ser também um
instrumento mediador entre o que o professor pretende atingir, ou seja, quais
seus objetivos gerais e especifico e quais as dificuldades que ele vem tendo
para não alcançar tal objetivo.
A Unidade Escolar também poderá usufruir das
avaliações deste professor para se posicionar nas mudanças pedagógicas da
escola.
Os métodos de avaliação são diversos tais
como acompanhar a evolução do aluno diariamente através de portfólio,
relatórios em cadernetas, participação do aluno, atividades extraclasse. Isso
porque a avaliação não é mais somente conteudista, pois é preciso entender o
que os alunos compreenderam sobre o assunto trabalhado e o que falta entender.
Devemos avaliar-nos para poder avaliar se
realmente estamos fazendo o que é possível e se estamos usando os instrumentos
corretos para essas avaliações, pois o aluno não devera ser prejudicado por uma
avaliação mal realizada pelo seu professor.