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segunda-feira, 14 de julho de 2014

LDB PARTE III

AVALIAÇÃO EM LARGA ESCALA PARTE I

ESTADO E POLÍTICA

POLÍTICAS EDUCACIONAIS - Parte I

DIDÁTICA COMO TEORIA DA INSTRUÇÃO

DIÁLOGO ENTRE O ENSINO E A APRENDIZAGEM

RESUMÃO DE HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA

EDGAR MORIN 7 SABERES

INCLUSÃO

AULA - GESTÃO ESCOLAR - Visitem meu site: www.megaaluno.com

SISTEMA EDUCACIONAL BRASILEIRO

FUNÇÃO DO DOCENTE

AULA VYGOTSKY

PIAGET - ESTÁGIOS DO DESENVOLVIMENTO

ECA

AULA - LDB/ENSINO FUNDAMENTAL - Atualizada

EDUCAÇÃO PROFISSIONAL - LDB

LDB PARTE I - Visitem meu site: www.megaaluno.com

TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS - PARTE II

TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS - PARTE I

APOSTILAS EDUCACIONAIS NAS ESCOLAS PÚBLICAS - SOLUÇÃO OU PROBLEMA?


As relações entre os municípios paulistas e as empresas privadas, fabricantes de apostilas educacionais são caracterizadas na pesquisa como parcerias, cujo objetivo principal é a implantação de um sistema de ensino apostilado para a oferta educacional pública. Esse processo caracteriza uma transmissão de responsabilidades oriundas do setor publico para o setor privado. No estado de São Paulo multiplicaram as preferências governamentais com o propósito de implantar essas parcerias na área educacional, principalmente a partir da municipalização do ensino fundamental iniciada no estado em 1996.
Tal fato pode ser evidenciado por diversos pesquisadores que demonstram em suas pesquisas esse novo panorama da educação atual.
Este trabalho, resultante de pesquisa interinstitucional, detém-se na analise de uma modalidade peculiar dessas parcerias: aquelas firmadas entre o poder público local e empresas privadas stricto sensu, isto é, com fins lucrativos, para a compra do que se dissemina como “sistemas de ensino”. Entendemos que essa compra representa mais que a simples aquisição de materiais didáticos, dado se tratar de estratégia, por meio da qual o setor privado amplia o seu mercado, ao incidir sobre o espaço público na mesma medida em que o setor público transfere parcela de suas responsabilidades para com a educação á iniciativa privada (ADRIÃO et al, 2009, p. 801).
Essa situação decorre em virtude da profunda reforma do Estado brasileiro, ocorrida na década de 1990. Nesse contexto, as ações descentralizadoras, sofridas pelas esferas subnacionais de governo, principalmente a municipal, impuseram aos governos municipais desafios de assumirem novas responsabilidades, bem como uma busca por inovações no seu processo de gestão.  Com atribuições que exigem para além do repasse de recursos, condições de elaboração e implantação de políticas públicas. Como resposta a essas novas demandas, houve um aumento da participação destas empresas na etapa de escolaridade obrigatória.  Essa atuação começa a expandir no final do século XX.
Todos esses aspectos provocam uma necessidade de aprofundamento da complexa relação entre a educação e o setor privado no campo educacional, caracterizada pela expansão da oferta de serviços educacionais, bem com as suas razões, suas estratégias e as limitações ao sistema público de ensino. Esses mecanismos são fundamentais para os lucros do setor privado, uma vez que os governos municipais ao adquirir os materiais didáticos destas empresas automaticamente há transferência de recursos públicos que poderiam ser utilizados para a melhoria e o desenvolvimento da educação local.
De acordo com o que afirma a pesquisa, os dados coletados indicam uma tendência crescente nos municípios paulistas, especialmente, os municípios com até 50 mil habitantes. Levando-se em conta esse aspecto, confirma o pressuposto que os municípios de pequeno porte estão mais vulneráveis as adversidades.
Á medida que estas empresas atuam no cenário político local, abre-se um leque no seu campo de atuação, alargando-se sobre o desenho da política educacional local e na organização do trabalho administrativo desenvolvido em cada escola da rede pública. Evidencia-se assim que essas empresas ao atuar no fornecimento de materiais e equipamentos para a educação, logo, tornam-se parceiras dos governos municipais.
O pacote de serviços oferecidos ao setor público, é composto por inúmeras vantagens, além do material pedagógico, as empresas oferecem apoio e formação continuada aos professores, como também a distribuição dos materiais aos alunos e várias outras atividades.
A educação pública é vista como um mercado com um potencial muito lucrativo. Atualmente esse mercado é cobiçado por inúmeras empresas. Essa perspectiva é elucidada pela pesquisa, para ADRIÃO et al, 2009, essa disputa é reflexo das matrículas do setor privado que se encontram estagnadas a mais de uma década. Nota-se, dessa forma, que o desafio do setor educacional privado é a busca por novos mercados.
Entre vários problemas decorrentes dessa modalidade de ensino a pesquisa constatou os problemas principais são: a falta de controle social ou técnico, fragilidade conceitual e pedagógico dos materiais e serviços comprados pelos municípios, duplo pagamento pelo mesmo serviço, vinculação do direito à qualidade de ensino submetido á lógica do lucro e a padronização de conteúdos e curriculares como parâmetro de qualidade.
A falta de controle é decorrente da falta de fiscalização dos órgãos competentes sobre os materiais produzidos.
A fragilidade conceitual e pedagógica dos materiais e serviços comprados pelos municípios, diz a respeito do material e do serviço prestado, pelas empresas contratadas, de baixa qualidade e distintos dos oferecidos por essas empresas em suas escolas particulares. Esses materiais são produzidos com baixa qualidade de conteúdo e matéria prima de segunda linha.
Ao ser adquirido esse material, ocorre um duplo pagamento pelo mesmo serviço. Isso quer dizer que a população paga duas vezes pelo mesmo serviço, uma vez que o governo federal disponibiliza livros didáticos gratuitamente para a educação pública, esses livros são adquiridos através de recursos provenientes dos impostos arrecadados que tem como contribuinte toda a população.
 A padronização de conteúdos e currículos escolares como parâmetro de qualidade, é a principal justificativa dos responsáveis pela oferta educacional municipal. A padronização é alegada como uma forma de evitar desigualdades entre as unidades escolares, desse modo, ela é vista como uma identidade da rede de ensino municipal.
Num contexto em que a demanda por uma educação de qualidade faz-se necessária, surge ensino apostilado, as aulas são padronizadas, assim como os temas e as atividades pedagógicas. A pesquisa demonstra um o panorama de educação que revela a incoerência de uma educação pautada na qualidade dos conteúdos, pois, a educação ilustrada não valoriza as relações dos conteúdos entre si e nem, tampouco, as relações com as questões sociais e ambientais ou mesmo com valores e hábitos culturais.

Referências:       

ADRIÃO, T; GARCIA, T.; BORGHI, R.; ARELARO, L. Uma modalidade peculiar de privatização da educação pública: a aquisição de “sistemas de ensino” por municípios paulistas. Educação & Sociedade, Campinas, vol. 30, n.108, p. 799-818, out. 2009.