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sexta-feira, 11 de julho de 2014

A ESCOLA É PARA TODOS - VIVA AS DIFERENÇAS

Nos últimos anos tem-se discutido muito o novo papel da escola para a educação inclusiva e a contribuição da gestão escolar como instrumento para inserção de movimentos de transformação na atuação dos professores, alunos, pais e comunidade. Para que a escola seja um espaço vivo de formação para todos e um ambiente verdadeiramente inclusivo é preciso que os educadores façam a diferença buscando conhecimento, e contribuindo com uma prática que desenvolva uma educação baseada na afetividade e na superação de limites, ensinando as crianças a respeitar as diferenças em sala de aula e em todo o contexto escolar, preparando-as assim para o futuro e para vida, pois vivendo a experiência inclusiva serão adultos bem diferentes de nós, e por certo, não farão discriminações sociais.
No entanto, a realidade desse processo inclusivo é bem diferente do que se propõe na legislação e requer muitas discussões relativas ao tema. É a partir da postura da gestão da escola, que vai determinar o conceito de educação inclusiva inserido na unidade escolar. A escola inclusiva deve ter como objetivo promover a interação social e garantir avanços na aprendizagem de todos os alunos, independente se apresentam certas limitações ou não, pois só será inclusiva quando tiver como objetivo central garantir a universalidade e a igualdade.
 A gestão democrática e participativa no âmbito escolar constitui-se numa prática que deve priorizar o desenvolvimento integrado de todos os agentes envolvidos no processo pedagógico, ela é essencial para o desenvolvimento da educação inclusiva.
Entendemos que os direitos legalmente garantidos a essa população contribuem para a inclusão, porém, ela vai muito, além disto, inclusão é a capacidade de reconhecer e compreender o outro diante das diferenças, portanto, a escola nesta perspectiva dever acolher a todos, sem ocultar as deficiências dos mesmos, sem nenhum tipo de discriminação ou preconceito.
De acordo com Libâneo (2001), o coordenador pedagógico responde pela viabilização, integração e articulação do trabalho pedagógico-didático em ligação direta com os professores, em função da qualidade do ensino. Assim as escolas têm como função trazer aos cidadãos qualidade de vida, integração e acesso aos bens e serviços, entre outros. Neste contexto, não pode haver diferenças para o direito da educação, que deve ser garantido a todos, inclusive daqueles que possuem alguma deficiência. Para dar maior visibilidade à manutenção deste direito, existem diversos aparatos legais que confirmam uma proposta inclusiva.
 Anos atrás, esse quadro era bem diferente, da rejeição para a formação de “classes especiais”, foi uma longa evolução do ensino brasileiro. No entanto, colocar crianças com dificuldades em classes especiais ou no grupo dos atrasados e incompetentes para não atrapalhar o ensino dos “normais”, admitia reconhecer sua existência segregada pelo simples fato de serem diferentes e vistas como incapazes. Somente a partir da década de 1950 é que começaram a surgir no Brasil, escolas especializadas, e mais tarde, classes formadas unicamente por alunos com necessidades especiais, em todas as escolas comuns.
 No século XX, o sistema educacional brasileiro ignorava os portadores de necessidade especiais. Se uma criança assim nascia, para o Estado, a responsabilidade era toda dos pais. Esta situação jamais apareceu explícita em qualquer texto constitucional, mas ainda que não registrado, simbolizava o pensamento da maioria e do poder vigente. A exclusão, que aos olhos de hoje tanto repugna, não era percebida como discriminação e dessa forma abertamente praticada.
A Política Nacional de Educação Especial vem orientando o processo de integração institucional, permitindo o acesso a salas comuns do ensino regular, para aqueles que possuem condições de acompanhar no mesmo ritmo daqueles ditos “normais”. Hoje, na escola os alunos com outro tipo de necessidades especiais, frequentam salas regulares e são alvos de algumas chacotas, porém, quando esses fatos ocorrem os algozes são elucidados a respeito da dificuldade de alguns, passam a respeitar e até mesmo a ajudá-los.
O que podemos observar que os comportamentos dos alunos em relação aos alunos especiais estão intimamente ligado, às projeções que os alunos faz do seu futuro, assim, as expectativas de alguns alunos são grandes em relação à sua aprendizagem, esses alunos colaboram com a ordem e a disciplina, tem respeito com o próximo, pois pretendem dar continuidade aos seus estudos, eles almejam uma posição melhor na sociedade.
Outros, porém, sem perspectiva de futuro, com uma realidade familiar abominável, tendem para o vandalismo, discriminação e para a criminalidade. Esses não conseguem ver expectativa alguma para um futuro diferente da sua atual realidade.  E a equipe escolar sempre procura mostrar para os alunos sem expectativas, que eles como todos, também fazem parte do processo de inclusão, pois, a educação inclusiva acolhe todas as pessoas, sem exceção, revelando o sentido da palavra que, segundo o dicionário Aurélio (1993), incluir é o mesmo que compreender, entender, alcançar com a inteligência.
Portanto, é a nossa capacidade de entender e reconhecer o outro e, assim, ter o privilégio de conviver e compartilhar com pessoas diferentes de nós. O adjetivo inclusivo é usado quando se busca qualidade para todos, sejam eles deficientes ou não de deficiências. Dessa forma, inclusão é um movimento mundial de luta em prol dos deficientes no que diz respeito a seus direitos e deveres como cidadãos.
Podemos inferir as palavras de Romão (1997, p. 67), “os caminhos para implantação de uma gestão democrática e participativa necessita, não só dos convites aos participantes do processo, mas, sim da geração de condições para que os mesmos se insiram no processo”.
 O Estatuto da Criança e do Adolescente, em seu artigo 54 ,III, afirma que  é dever do estado assegurar á criança e ao adolescente, portadores de deficiência o atendimento educacional especializado nas escolas regulares, e o MEC desenvolve , através de sua Secretária de Educação Especial uma política que visa a integração das crianças com dificuldades e com necessidades especiais no sistema de ensino , propondo a inclusão sem limites.
O processo de inclusão vem ao longo dos anos propondo ações que garantam o acesso e permanência dos alunos com necessidades especiais no ensino regular. Podemos presenciar que algumas dessas ações encontram-se no principio de gestão democrática participativa presente na obra de Libâneo (2002) que debatemos em sala de aula, o autor destaca que a participação é o principal meio de assegurar a gestão democrática, possibilitando o envolvimento de todos os integrantes da escola no processo de tomada de decisões e no funcionamento da organização escolar.
Assim, os professores que não encontram respaldo na figura do líder, julgam-se incapazes, despreparados e impotentes frente a essa realidade que é agravada pela falta de material adequado, de apoio administrativo e recursos financeiros, além de que a escola está acostumada a trabalhar com a homogeneidade e nunca com a diversidade, devendo reestruturar todo seu currículo e propostas de avaliação para realmente atender a todas as necessidades.
 A escola, juntamente com a família através de uma gestão democrática participativa, deve formar uma rede de parceria para que se possa fazer o melhor pelas crianças, desenvolvendo um ambiente inclusivo que priorize as potencialidades e cultura, partindo do princípio de que todas as crianças podem aprender, basta que se reconheçam as diferenças entre elas.  Não é essencial que a equipe gestora seja especialista em deficiências especiais, mas que saiba lidar com essas crianças, sinta - se responsável pelo seu progresso, vejam elas da mesma forma que vêem as outras, incluindo-as realmente no sistema, dando-lhes a possibilidade de vez, voz e direito, assim transformando a escola de fato em um ambiente inclusivo.

REFERÊNCIAS.
BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente. Lei federal n. 8.069, de 13 de julho de 1990.
BRASIL. Resolução CNE/CEB N.7, de 14 de dezembro de 2010. Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos.
BRASIL. Resolução CNE/CEB nº 4 de 13 de julho de 2010. Diretrizes Nacionais para Educação Básica.
GADOTTI, Moacir. Autonomia da escola: princípios e preposições. São Paulo: Cortez, 1997.
LIBÂNEO, José Carlos. Organização e gestão da escola: teoria e prática. 4.ed. Goiania: Editora Alternativa, 2001.
LÜCK, Heloísa. A gestão participativa na escola. Petrópolis, RJ: Vozes. 2006.
LÜCK, Heloísa. Gestão educacional: uma questão paradigmática. 3.ed. Petrópolis, RJ:Vozes. 2007.        
LUCK, Heloísa et al. A Escola Participativa: O trabalho do gestor escolar. 4ª.ed. – Petrópolis, RJ: Vozes, 2007.
MANTOAN, Maria Tereza Egler. Inclusão escolar: o que é? Por que? Como fazer? São Paulo: Moderna, 2003.
ROMÃO, José. Diretores escolares e gestão democrática da escola. São Paulo: Cortez, 1997.