Nos últimos anos tem-se
discutido muito o novo papel da escola para a educação inclusiva e a
contribuição da gestão escolar como instrumento para inserção de movimentos de
transformação na atuação dos professores, alunos, pais e comunidade. Para que a
escola seja um espaço vivo de formação para todos e um ambiente verdadeiramente
inclusivo é preciso que os educadores façam a diferença buscando conhecimento,
e contribuindo com uma prática que desenvolva uma educação baseada na
afetividade e na superação de limites, ensinando as crianças a respeitar as
diferenças em sala de aula e em todo o contexto escolar, preparando-as assim
para o futuro e para vida, pois vivendo a experiência inclusiva serão adultos
bem diferentes de nós, e por certo, não farão discriminações sociais.
No entanto, a realidade
desse processo inclusivo é bem diferente do que se propõe na legislação e
requer muitas discussões relativas ao tema. É a partir da postura da gestão da
escola, que vai determinar o conceito de educação inclusiva inserido na unidade
escolar. A escola inclusiva deve ter como objetivo promover a interação social
e garantir avanços na aprendizagem de todos os alunos, independente se
apresentam certas limitações ou não, pois só será inclusiva quando tiver como
objetivo central garantir a universalidade e a igualdade.
A gestão democrática e
participativa no âmbito escolar constitui-se numa prática que deve priorizar o
desenvolvimento integrado de todos os agentes envolvidos no processo
pedagógico, ela é essencial para o desenvolvimento da educação inclusiva.
Entendemos que os direitos
legalmente garantidos a essa população contribuem para a inclusão, porém, ela
vai muito, além disto, inclusão é a capacidade de reconhecer e compreender o
outro diante das diferenças, portanto, a escola nesta perspectiva dever acolher
a todos, sem ocultar as deficiências dos mesmos, sem nenhum tipo de
discriminação ou preconceito.
De acordo com Libâneo
(2001), o coordenador pedagógico responde pela viabilização, integração e
articulação do trabalho pedagógico-didático em ligação direta com os
professores, em função da qualidade do ensino. Assim as escolas têm como função
trazer aos cidadãos qualidade de vida, integração e acesso aos bens e serviços,
entre outros. Neste contexto, não pode haver diferenças para o direito da
educação, que deve ser garantido a todos, inclusive daqueles que possuem alguma
deficiência. Para dar maior visibilidade à manutenção deste direito, existem
diversos aparatos legais que confirmam uma proposta inclusiva.
Anos atrás, esse
quadro era bem diferente, da rejeição para a formação de “classes especiais”,
foi uma longa evolução do ensino brasileiro. No entanto, colocar crianças com
dificuldades em classes especiais ou no grupo dos atrasados e incompetentes
para não atrapalhar o ensino dos “normais”, admitia reconhecer sua existência
segregada pelo simples fato de serem diferentes e vistas como incapazes.
Somente a partir da década de 1950 é que começaram a surgir no Brasil, escolas
especializadas, e mais tarde, classes formadas unicamente por alunos com
necessidades especiais, em todas as escolas comuns.
No século XX, o
sistema educacional brasileiro ignorava os portadores de necessidade especiais.
Se uma criança assim nascia, para o Estado, a responsabilidade era toda dos
pais. Esta situação jamais apareceu explícita em qualquer texto constitucional,
mas ainda que não registrado, simbolizava o pensamento da maioria e do poder
vigente. A exclusão, que aos olhos de hoje tanto repugna, não era percebida
como discriminação e dessa forma abertamente praticada.
A Política Nacional de
Educação Especial vem orientando o processo de integração institucional,
permitindo o acesso a salas comuns do ensino regular, para aqueles que possuem
condições de acompanhar no mesmo ritmo daqueles ditos “normais”. Hoje, na
escola os alunos com outro tipo de necessidades especiais, frequentam salas
regulares e são alvos de algumas chacotas, porém, quando esses fatos ocorrem os
algozes são elucidados a respeito da dificuldade de alguns, passam a respeitar
e até mesmo a ajudá-los.
O que podemos observar que os
comportamentos dos alunos em relação aos alunos especiais estão intimamente ligado,
às projeções que os alunos faz do seu futuro, assim, as expectativas de alguns
alunos são grandes em relação à sua aprendizagem, esses alunos colaboram com a
ordem e a disciplina, tem respeito com o próximo, pois pretendem dar
continuidade aos seus estudos, eles almejam uma posição melhor na sociedade.
Outros, porém, sem
perspectiva de futuro, com uma realidade familiar abominável, tendem para o
vandalismo, discriminação e para a criminalidade. Esses não conseguem ver
expectativa alguma para um futuro diferente da sua atual realidade. E a
equipe escolar sempre procura mostrar para os alunos sem expectativas, que eles
como todos, também fazem parte do processo de inclusão, pois, a educação
inclusiva acolhe todas as pessoas, sem exceção, revelando o sentido da palavra
que, segundo o dicionário Aurélio (1993), incluir é o mesmo que compreender,
entender, alcançar com a inteligência.
Portanto, é a nossa
capacidade de entender e reconhecer o outro e, assim, ter o privilégio de
conviver e compartilhar com pessoas diferentes de nós. O adjetivo inclusivo é
usado quando se busca qualidade para todos, sejam eles deficientes ou não de
deficiências. Dessa forma, inclusão é um movimento mundial de luta em prol dos
deficientes no que diz respeito a seus direitos e deveres como cidadãos.
Podemos inferir as palavras
de Romão (1997, p. 67), “os caminhos para implantação de uma gestão
democrática e participativa necessita, não só dos convites aos participantes do
processo, mas, sim da geração de condições para que os mesmos se insiram no
processo”.
O Estatuto da Criança
e do Adolescente, em seu artigo 54 ,III, afirma que é dever do estado
assegurar á criança e ao adolescente, portadores de deficiência o atendimento
educacional especializado nas escolas regulares, e o MEC desenvolve , através
de sua Secretária de Educação Especial uma política que visa a integração das
crianças com dificuldades e com necessidades especiais no sistema de ensino ,
propondo a inclusão sem limites.
O processo de inclusão vem
ao longo dos anos propondo ações que garantam o acesso e permanência dos alunos
com necessidades especiais no ensino regular. Podemos presenciar que algumas
dessas ações encontram-se no principio de gestão democrática participativa
presente na obra de Libâneo (2002) que debatemos em sala de aula, o autor
destaca que a participação é o principal meio de assegurar a gestão
democrática, possibilitando o envolvimento de todos os integrantes da escola no
processo de tomada de decisões e no funcionamento da organização escolar.
Assim, os professores que
não encontram respaldo na figura do líder, julgam-se incapazes, despreparados e
impotentes frente a essa realidade que é agravada pela falta de material
adequado, de apoio administrativo e recursos financeiros, além de que a escola
está acostumada a trabalhar com a homogeneidade e nunca com a diversidade,
devendo reestruturar todo seu currículo e propostas de avaliação para realmente
atender a todas as necessidades.
A escola, juntamente
com a família através de uma gestão democrática participativa, deve formar uma
rede de parceria para que se possa fazer o melhor pelas crianças, desenvolvendo
um ambiente inclusivo que priorize as potencialidades e cultura, partindo do
princípio de que todas as crianças podem aprender, basta que se reconheçam as
diferenças entre elas. Não é essencial que a equipe gestora seja
especialista em deficiências especiais, mas que saiba lidar com essas crianças,
sinta - se responsável pelo seu progresso, vejam elas da mesma forma que vêem
as outras, incluindo-as realmente no sistema, dando-lhes a possibilidade de
vez, voz e direito, assim transformando a escola de fato em um ambiente
inclusivo.
REFERÊNCIAS.
BRASIL. Estatuto da
Criança e do Adolescente. Lei federal n. 8.069, de 13 de julho de 1990.
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4 de 13 de julho de 2010. Diretrizes Nacionais para Educação Básica.
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