Cenas de alunos brigando entre si, agredindo
professores ou sendo atacados por profissionais que deveriam ensiná-los são
cada vez mais comuns nas redes sociais e em noticiários da TV.
Na última
década, contudo, os registros tornaram-se mais frequentes, além de ganharem
notoriedade graças à divulgação na internet, em sites como o YouTube e o
Facebook. Os vídeos são disseminados, muitas vezes, pelos próprios jovens
envolvidos nas agressões, como forma de conquistar status junto aos colegas.
Segundo a
pesquisa mais recente sobre o assunto, quatro em cada dez professores já
sofreram algum tipo de violência em escolas do Estado de São Paulo. O
levantamento, realizado pelo Instituto Data Popular e a Apeoesp (Sindicato dos
Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo), entrevistou 1.400
docentes da rede estadual de 167 cidades.
Os dados comprovam o que educadores já sabiam: a
fronteira entre a escola e a violência das ruas deixou de existir. Vandalismo,
agressões, confronto entre gangues, roubos, tráfico e até assassinatos passaram
a fazer parte da rotina escolar.
De acordo com a pesquisa, intitulada “Violência nas
escolas: o olhar dos professores”, 72% dos professores já presenciaram briga de
alunos, 62% foram xingados, 35% ameaçados e 24% roubados ou furtados. A
situação é pior em bairros de periferia, onde 63% dos profissionais consideram
a escola um espaço violento. A insegurança no trabalho, de acordo com os
coordenadores do estudo, é comum entre os docentes.
Mas, porque a escola deixou de ser uma referência
de segurança e de futuro melhor para crianças e adolescentes para se tornar um
ambiente de medo?
Na opinião dos professores entrevistados (42%), as
razões estariam no uso de drogas por parte dos alunos. O tráfico, muitas vezes,
acontece dentro dos próprios estabelecimentos de ensino.
Psicólogos e pedagogos apontam ainda a educação
recebida em casa. Os pais são muito permissíveis em relação o comportamento dos
filhos ou muito agressivos. De qualquer forma, de acordo com especialistas, a
falta de valores familiares seria um dos motivos da violência.
Apontam-se, também, fatores como a exclusão social
a falta de perspectiva em relação ao futuro profissional e acadêmico. A
educação, nesse sentido, deixou de ser uma alternativa ao ciclo de pobreza e
desagregação familiar vivido por estudantes de periferias.
Concluimos
que nenhuma dessas explicações, isoladas, respondem à questão. É preciso,
analisar um conjunto de causas externas (como o fácil acesso a armas e drogas
no entorno das unidades de ensino) e internas, que interagem entre si.
Entre os aspectos internos são apontados a falta de
segurança nas escolas e o descontentamento de alunos com a disciplina, a
estrutura e a qualidade de ensino.
Para especialistas, programas educativos que envolvam a
comunidade e discutam o tema com alunos e familiares apresentam resultados
positivos na redução da violência nas escolas.