Arquivo do blog

sexta-feira, 29 de agosto de 2014

INFLUÊNCIA DA MÚSICA NA EDUCAÇÃO



A Música na Sala de Aula: um recurso facilitador para o ambiente na hora do ensinar/aprender.
É fundamental que o ensino de Música seja feito de modo agradável e divertido para que o ambiente na hora do ensinar/aprender surta, efeito positivo tanto para quem ensina, como para quem aprende.
A prática de aula de música em sala desenvolve habilidades, define conceitos e conhecimentos e estimula o aluno a observar, questionar, investigar e entender o meio em que vive e os eventos do dia a dia, através da musicalidade. Além disso, estimula a curiosidade, imaginação e o entendimento de todo o processo de construção do conhecimento de forma sonora e descontraída.
O objetivo é mostrar uma maneira facilitadora e descontraída, apresentando a música e a musicalização como recursos facilitadores para o desenvolvimento da inteligência e a integração do ser, na hora do ensino/aprendizagem. Mostrando assim, a capacidade que a música tem de influenciar o homem física e mentalmente, podendo contribuir para a harmonia pessoal e facilitando a integração entre o professor/ aluno e aluno/aluno.
A intenção também é de apresentar a música na sala de aula, não apenas como experiência estética, mas também como facilitadora do processo de aprendizagem, como instrumento para tornar a escola um lugar mais alegre e receptivo, e também ampliar o conhecimento musical do aluno. Afinal, a música é um bem cultural e seu conhecimento não deve ser privilegio de poucos. Sugerindo assim, que a escola oportunize a convivência com os diferentes gêneros, apresentando novos estilos, proporcionando uma análise reflexiva do que é apresentado e permitindo que o aluno se torne um sujeito mais crítico em suas escolhas pela vida.
A música é uma linguagem universal tendo participado da história da humanidade desde as primeiras civilizações. Suas atividades de musicalização permitem aos alunos conhecer melhor a si mesmo, desenvolvendo sua noção de esquema corporal e, também permitindo a comunicação com o outro, contribuindo de maneira facilitadora de descontração, como reforço no desenvolvimento cognitivo/linguístico, psicomotor e socioafetivo do aluno.
Seu desenvolvimento cognitivo/ linguístico é a fonte de conhecimento do aluno, onde ele tem a oportunidade de experimentar em seu dia a dia. Dessa forma, quanto maior a riqueza de estímulos que o aluno receba melhor será seu desenvolvimento intelectual.
No seu desenvolvimento psicomotor, as atividades músicais oferecem inúmeras oportunidades para que o aluno aprimore sua habilidade motora, aprendendo a controlar seus impulsos e controlando o seu equilíbrio do seu sistema nervoso. Isto, porque toda expressão musical ativa age sobre a mente, favorecendo a descarga emocional, a reação motora e aliviando as tensões. Daí nasce, na sala de aula a necessidade das atividades como cantar fazendo gestos, bater palmas, sendo experiência importante para o aluno, pois elas permitem que se desenvolva o senso rítmico, a coordenação motora, que são fatores importantes também para o processo de aquisição da leitura e da escrita.
E por último temos o desenvolvimento socioafetivo, aonde o aluno aos poucos vai formando sua identidade, percebendo-se diferentes dos outros e ao mesmo tempo buscando integrar-se com os outros. Nesse processo a autoestima e a autorealização desempenham um papel muito importante, na hora do ensinar/aprender. Através do desenvolvimento da autoestima, o aluno aprende a se aceitar como é, com suas capacidades e limitações.
As atividades musicais coletivas numa sala de aula favorecem o desenvolvimento da socialização, estimulando a compreensão, a participação e a cooperação entre o professor e a aluno. Através dessas atividades, o professor pode perceber quais os pontos fortes e fracos dos alunos, principalmente quanto à capacidade de memória auditiva, observação, discriminação e reconhecimento dos sons, podendo assim, vir a trabalhar melhor o que está defasado.
O professor pode selecionar músicas que falem do conteúdo a ser trabalhado em sua área, isso vai tornar as aulas dinâmicas, atrativas e vai ajudar a recordar informações passadas. Mas, a música também deve ser estudada como matéria em si, como linguagem artística, forma de expressão e como um bem cultural da nossa sociedade.
Ao considerar as diferentes habilidades, a escola esta dando oportunidade para que o aluno se destaque em pelo menos uma delas, ao contrário do que acontece quando se privilegiam apenas as capacidades lógico/matemática e linguística.
De acordo com esta perspectiva, a música é concebida como um universo que conjuga expressão de sentimentos, ideias, valores culturais e facilita a comunicação do individuo consigo mesmo e com o meio em que vive.
Ao atender diferentes aspectos do desenvolvimento humano: físico, mental, social, emocional e espiritual, a música pode ser considerada um agente facilitador e descontraído em todo o processo educacional.
A presença da música na educação auxilia a percepção, estimula a memória e a inteligência, relacionando-se ainda com as habilidades linguísticas e lógico/matemática, ao desenvolver procedimentos que ajudam o professor a se reconhecer e a se orientar melhor no mundo, contribuindo para o envolvimento social e despertando noções de respeito e consideração pelo outro, abrindo espaço para um melhor rendimento do ensinar/aprender.
A linguagem musical tem sido destacada como importante área de interesse e de gosto de todo ser humano. Sendo assim, considerada como um recurso interessante, importante e vasto para a elaboração de atividades na sala de aula. Tendo com certeza, um aprendizado de qualidade e satisfação tanto para o aluno como para o professor. A música como alternativa didática aguça o interesse do aluno, que muitas vezes, sem perceber se encontra totalmente envolvido no processo, uma vez que o conjunto de palavras contidas no texto da música é aproveitável em distintas temáticas como ponto de partida na construção do ensino/aprendizagem.
A música promove em alunos com necessidades especiais uma maior inserção no convívio social. É notável em uma sala de aula que a musica utilizada como base curricular em diferentes disciplinas é de extrema importância, pois garante um resgate do aluno para com o conteúdo e para com o professor. O simples fato de ter uma música no ambiente escolar, enquanto são desenvolvidas as explicações do conteúdo didático, já favorece um melhor comportamento disciplinar por parte dos alunos no transcorrer da aula.
O professor pode e deve trabalhar todo o tipo de música: popular, clássica, massa, folclórica, vanguarda, religiosa, entre outras, pois reforçam a pluralidade do universo musical e abre portas para que o ensinar/aprender torne-se prazeroso, facilitador e descontraído no ambiente de sala de aula.
Entretanto, vale ressaltar que, infelizmente, o uso da música na escola não é uma realidade para todos os alunos. Se pararmos para verificar, vamos concluir que a música, como ensino sumiu das escolas. Isso é ruim porque o aprendizado da prática musical favorece a condição do aluno em relação a sua criatividade. Porém, pior do que não trabalhar a musicalidade, como uma ferramenta importante para a aprendizagem, é enxergá-la somente sob o ponto de vista estético.
Portanto, através da música, o professor tem uma forma privilegiada de alcançar seus objetivos, podendo explorar e desenvolver características no aluno. O aluno com a educação musical cresce emocionalmente, afetivamente e cognitivamente, desenvolvendo sua coordenação motora, acuidade visual e auditiva, bem como memória e atenção e, ainda, sua capacidade e sua criatividade na comunicação.


DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM: CONSEQUÊNCIAS AFETIVAS E O PAPEL DO PROFESSOR


Segundo o “DSM-IV: Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais” (ASSOCIAÇÃO AMERICANA DE PSIQUIATRIA, 1995), desmoralização e baixa autoestima podem estar associados às dificuldades de aprendizagem. A criança com dificuldades de aprendizagem muitas vezes é rotulada, sendo chamada de “perturbada”, incapaz “ou” retardada ”Então vamos pensar um pouquinho, como será que se sente esta criança rotulada de “burra”, “incapaz”, “perturbada” ou “retardada”? Com certeza, nada bem, não é mesmo? E se esta criança não se sente nada bem, quais seriam provavelmente suas condutas e sentimentos também em relação ao contexto escolar como um todo? De acordo com Souza (1996) as emoções envolvidas neste processo incluem desde sentimentos de inferioridade, frustração, e perturbação emocional, até problemas de autoestima e depressão, dependendo é claro, da forma como suas dificuldades são vistas também por seus pais e professores. Assim, se o clima dominante no lar é um clima tenso, provavelmente esta criança, que já apresenta algumas dificuldades em relação á sua aprendizagem, também se tornará uma criança tensa.
Assim, pode ainda ter propensão a aumentar a proporção dos seus fracassos, entrando num ciclo vicioso em que quanto mais fracassa, mais tensa fica, e quanto mais tensa fica, mais fracassa (SOUZA, 1996). Por outro lado, se o clima emocional do lar é acolhedor e permite a livre expressão emocional da criança, ela tenderá a reagir com seus sentimentos, positivos ou negativos, livremente, e poderá estar mais apta a lidar com suas dificuldades, por encará-las com certa normalidade e como um obstáculo transitório a ser vencido. E esta segunda forma de encarar os problemas da criança deveria ser adotada também pelos professores e profissionais – sejam eles médicos, psicólogos, psicopedagogo ou fonoaudiólogos - que irão lidar com esta criança, buscando sempre conceber as dificuldades dentro de uma perspectiva da normalidade, e não de uma perspectiva “rotulante” que pouco contribui para a superação, mas ao contrário, para a baixa autoestima, o desânimo e a desistência de nossos alunos. E quando falamos em desânimo e desistência, além de aspectos emocionais, passamos também a abordar aspectos de conduta desta criança que apresenta um distúrbio de aprendizagem. E aqui, cabe refletir novamente: como será que este aluno que é rotulado e ridicularizado por seus colegas e muitas vezes até por seu professor possivelmente irá se portar em relação à escola e aos membros que dela fazem parte? É possível que esta criança ou adolescente, por seu histórico de fracasso e experiências negativas em
relação à escola, deixe de frequentar a este contexto, dado este que é corroborado pelo DSM-IV: Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (ASSOCIAÇÃO AMERICANA DE PSIQUIATRIA, 1995), quando afirma que cerca de 40% das crianças e adolescentes que apresentam problemas de aprendizagem acabam se evadindo do contexto escolar. E quanto àqueles que não conseguem ou não podem fugir deste contexto tão aversivo, restam outras formas de se rebelar contra este sistema, seja de uma maneira mais ativa, agredindo a estes professores e colegas, ou fazendo bagunça, já que o conteúdo da aula em si não lhe chama atenção, seja de forma mais passiva, negando-se a realizar as atividades e a prestar atenção às aulas, ou faltando e chegando atrasado à escola. E o que o professor pode fazer frente a esta realidade? A primeira medida a ser adotada é buscar olhar através dos comportamentos e sentimentos inadequados desta criança ou adolescente, na tentativa de identificar quais os aspectos que estão subjacentes a esta revolta. E assim, uma vez identificada à dificuldade de aprendizagem apresentada por esta criança que levou ao início de todo este processo, é preciso culminar com a terapêutica adequada a cada caso. Sobre esta terapêutica, no entanto, além do trabalho com a criança ou adolescente, envolve ainda a orientação de seus pais e professores. E é sobre isto que trataremos a partir de agora, sobre algumas diretrizes que podem ser dadas aos professores para implementar a aprendizagem de seus alunos. Não podemos nos esquecer, no entanto, que estas são diretrizes globais e que novamente cabe ao professor selecionar, dentre elas, aquelas que se adaptam melhor ao caso em questão, e que podem ser mais facilmente aplicadas. Assim, as estratégias abaixo são sugestões retiradas de Rochael (2009) que constituem apenas algumas diretrizes no contato com crianças que apresentam transtornos de aprendizagem. Contudo, não constituem “receitas prontas”, mas ao contrário, estão abertas à adaptação e reformulação por parte do professor, de acordo ao conhecimento que tem da criança ou adolescente em questão, e de sua própria vivência em sala de aula.
Assim, seguem abaixo tais estratégias, enquanto atitudes a serem evitadas ou adotadas pelo professor em sala de aula:
- Ressaltar as dificuldades do aluno, diferenciando-o dos demais;
Atitudes a serem evitadas pelo professor:
- Mostrar impaciência com a dificuldade expressada pela criança ou interrompê-la várias vezes ou mesmo tentar adivinhar o que ela quer dizer completando sua fala;
- Corrigir o aluno frequentemente diante da turma, para não o expor;
- Ignorar a criança em sua dificuldade (ROCHAEL, 2009).
- Não force o aluno a fazer as lições quando estiver nervoso por não ter conseguido;
Atitudes a serem adotadas pelo professor:
- Explique a ele suas dificuldades e diga que está ali para ajudá-lo sempre que precisar;
- Evitar que o aluno se sinta inferior;
- Considerar o problema de maneira serena e objetiva;
- Avaliar o desempenho do aluno pela qualidade de seu trabalho;
- Proponha jogos na sala;
- Não corrija as lições com canetas vermelhas ou lápis;
- Procure usar situações concretas, nos problemas(ROCHAEL, 2009).
REFERÊNCIAS
-ASSOCIAÇÃO AMERICANA DE PSIQUIATRIA - manual de estatística e diagnóstico de transtornos mentais (DSM IV). 4. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995.
-ROCHAEL, Luciene. Distúrbios de aprendizagem. 12 abr. 2009. Disponível em:
<http://psicologiaeeducacao.wordpress.com/2009/04/12/disturbios-de-aprendizagem-2/>.
Acesso em : 04 mar. 2010.
-SOUZA, Evanira Maria de. Problemas de aprendizagem: crianças de 8 a 11 anos. Bauru: EDUSC, 1996.

sexta-feira, 18 de julho de 2014

BULLYNG NAS ESCOLAS


Existe uma grande variedade de definições para a palavra bullying, mas pode-se dizer que o termo se refere à exposição repetida a ações propositais que ferem ou prejudicam o indivíduo, caracterizando-se, principalmente, pela disparidade de poder entre os pares, de modo que uma pessoa é dominada por outra. Portanto, o desequilíbrio de poder e as atitudes negativas e repetidas entre iguais constituem as principais características que viabilizam a intimidação do alvo (Lopes Neto, 2005). Esses atos podem ser cometidos por meio de agressão verbal ou física, ou por meio de exclusão de um grupo (Lopes Neto, 2005; Olweus, 1993). Determinadas características de um indivíduo podem torná-lo uma vítima potencial de bullying, tais como etnia, orientação sexual, diferença de idade e tamanho (Dawkins, 1995; Smith, 2002).
O fenômeno de bullying é, atualmente, uma das formas mais recorrentes de violência na escola (Batsche, 1997). É importante destacar que as situações de bullying ocorrem em diversos contextos, sem restrição quanto ao nível socioeconômico, gênero ou faixa etária, sendo observadas em escolas públicas e privadas (Crothers e Levinson, 2004; Olweus, 1977, 1993). Diante do progressivo aumento dos casos de agressão observados no ambiente escolar e das graves consequências sociais que acarretam ao sistema educacional brasileiro, diversos estudos têm investigado o bullying entre estudantes do ensino fundamental e médio, bem como na população universitária (Bond et al., 2007; Carlyle e Steinman, 2007; Chapell et al., 2006; Glew et al., 2008; Kim et al., 2006; Pit on, 2006).
Além das diferentes definições encontradas para o termo bullying, há também formas distintas de classificá-lo. Assim, esse fenômeno pode ser qualificado quanto ao tipo de ato violento que é empreendido, diferenciando-se entre direto e indireto. O bullying direto, tanto físico como verbal, inclui agressão física, abuso sexual, roubo ou deterioração de objetos de outra pessoa, extorsão, insultos, apelidos e comentários racistas. A forma de bullyingin direto, por sua vez, compreende a exclusão de uma pessoa do grupo, fofocas e apelidos que marginalizam o outro e qualquer outro tipo de manipulação cometida por um indivíduo ou um grupo contra outro (Olweus, 1993; Smith e Sharp, 1995).
Outra forma de classificação do bullying é em relação à função assumida pelos participantes, que podem ser vítimas, agressores, vítimas/agressores ou testemunhas (Dawkins, 1995). As vítimas ou alvos são os indivíduos expostos a ações perpetradas por outro(s), de forma repetida e durante um determinado período. Essas pessoas, em geral, são inseguras, pouco sociáveis e não dispõem de recursos para reagir à violência ou interrompê-la (Carney e Merrell, 2001; Dawkins, 1995; Pearce e Thompson, 1998). Os agressores, por sua vez, tendem a ser pessoas populares e dominadoras em relação aos seus alvos, além de envolverem-se em comportamentos antissociais (Chesson, 1999; Pearce e Thompson, 1998). Alguns aspectos como condições familiares adversas, maus-tratos, excesso de permissividade dos pais e mesmo fatores individuais (impulsividade, hiperatividade,déficit de atenção, baixo desempenho escolar) podem explicar as atitudes praticadas pelos perpetradores da violência (Dawkins, 1995; Eslea e Rees, 2001). Cerca de 20% dos indivíduos envolvidos em situações de bullying podem representar tanto o papel de vítimas como de agressores, dependendo do contexto em que se encontram. Essa dupla função pode ser justificada pela combinação de atitudes agressivas e uma baixa autoestima (Kaltiala-Heino et al., 1999; Kumpulainen et al., 2001). As testemunhas, por fim, são pessoas que não se envolvem diretamente em situações de bullying, mas assistem passivamente à violência cometida e se calam por medo, acobertando os agressores e contribuindo para a continuidade desses atos (Dawkins, 1995; Lopes Neto, 2005).
O bullying é uma preocupação universal, visto o grande número de trabalhos realizados no mundo todo, em países como Austrália, Holanda, Estados Unidos, Portugal e Coreia (Bond et al., 2007; Camodeca e Goossens, 2005; Carlyle e Steinman, 2007; Martins, 2005; Yang et al. 2006). No Brasil, as pesquisas sobre vitimização e comportamentos violentos na escola são recentes (Silva e Löhr, 2001). A falta de trabalhos sobre esse tema cria uma discussão a respeito da incidência do bullying, pois é difícil identificar se a prevalência desse fenômeno realmente está aumentando ou se foi o interesse social acerca do sistema escolar que gerou mais pesquisas e visibilidade. Dessa forma, há desacordo nos achados de pesquisas anteriores quanto à prevalência do bullying na escola, variando de 21% (Chapell et al., 2006) a 40% (Lopes Neto e Saavedra, 2003). Esses resultados incluem tanto comportamentos de agressividade como de vitimização.
A literatura aponta para diferenças entre os sexos na manifestação de comportamentos que envolvem bullying. Os meninos tendem a envolver-se mais em situações de bullying, tanto como autores quanto como alvos (Farrington, 1993; Lopes Neto, 2005; Olweus, 1994). Entre as meninas, o bullying também ocorre, embora com menor frequência, principalmente sob a forma de agressão indireta, que envolve exclusão social e difamação dos pares (Lopes Neto, 2005; Olweus, 1997). Esses resultados correspondem aos encontrados na literatura acerca da agressão, sugerindo que os meninos utilizam mais agressividade direta, sendo ela verbal ou física (Björkqvist, 1994; Björkqvist e Niemelä, 1992), enquanto as meninas, por sua vez, apresentam costumeiramente formas de agressividade social ou relacional (Olweus, 1997).
Em relação à idade em que o bullying ocorre mais frequentemente, alguns estudos verificaram que esse fenômeno parece atingir seu pico na faixa etária entre nove e 15 anos (Carney e Merrell, 2001; Frisén et al., 2007). As vítimas, em geral, possuem determinadas características que as fragilizam ante o agressor. Desse modo, as crianças mais novas podem ser alvos de outras crianças mais velhas. Outros indivíduos tornam-se vítimas por serem fracos fisicamente ou possuírem alguma característica percebida como negativa ou algo que os diferencie do grupo de iguais (Eslea e Rees, 2001). Olweus (1993) também constatou que a porcentagem dos indivíduos que relatam a vitimização declina gradualmente com o passar da idade. É menos provável a ocorrência de agressões físicas para aqueles com a idade mais avançada e que continuam em processo de vitimização na escola. Smith et al. (1999) inferiram que o bullying tende a cessar na maioria dos casos com o passar dos anos, porque os sujeitos que outrora eram vítimas vão adquirindo, gradualmente, habilidades sociais e, assim, aumentando sua autoestima (Frisén et al., 2007).

O bullying é considerado um estressor social crônico, que pode ocasionar diversos problemas para a vida do indivíduo, como depressão, ansiedade, estresse e baixa autoestima (Hamilton et al., 2008; Lund et al., 2008; Van der Wal et al., 2003). Esses efeitos decorrentes da violência direta ou indireta entre pares na infância trazem, muitas vezes, consequências para a vida adulta da pessoa que foi uma vítima crônica de bullying.

BIBIOGRAFIA
http://pepsic.bvsalud.org , pesquisado em 17/072014 AS 14H10M

quarta-feira, 16 de julho de 2014

TRANSTORNO DE PERSONALIDADE

O que são os transtornos de personalidade?
Os transtornos de personalidade afetam todas as áreas de influência da personalidade de um indivíduo, o modo como ele vê o mundo, a maneira como expressa as emoções, o comportamento social. Caracteriza um estilo pessoal de vida mal adaptado, inflexível e prejudicial a si próprio e/ou aos conviventes. Essas características, no entanto apesar de necessárias não são suficientes para identificação dos transtornos de personalidade, pois são muito vagas. A maneira mais clara como a classificação deste problema vem sendo tratada é através da subdivisão em tipos de personalidade patológica. Ao nosso ver, esta forma é bastante adequada, pois se verifica na prática manifestações diversas e até opostas para o mesmo problema. O leitor entenderá melhor a necessidade da subdivisão dos transtornos de personalidade lendo os textos abaixo.
Generalidades
Para se falar de personalidade é preciso entender o que vem a ser um traço de personalidade. O traço é um aspecto do comportamento duradouro da pessoa; é a sua tendência à sociabilidade ou ao isolamento; à desconfiança ou à confiança nos outros. Um exemplo: lavar as mãos é um hábito, a higiene é um traço, pois implica em manter-se limpo regularmente escovando os dentes, tomando banho, trocando as roupas, etc. Pode-se dizer que a higiene é um traço da personalidade de uma pessoa depois que os hábitos de limpeza se arraigaram. O comportamento final de uma pessoa é o resultado de todos os seus traços de personalidade. O que diferencia uma pessoa da outra é a amplitude e intensidade com que cada traço é vivido.
Por convenção, o diagnóstico só deve ser dado a adultos, ou no final da adolescência, pois a personalidade só está completa nessa época, na maioria das vezes. Os diagnósticos de distúrbios de conduta na adolescência e pré-adolescência são outros.
Transtorno de Personalidade Anti-Social
Como se caracteriza ?
Caracteriza-se pelo padrão social de comportamento irresponsável, explorador e insensível constatado pela ausência de remorsos. Essas pessoas não se ajustam às leis do Estado simplesmente por não quererem, riem-se delas, freqüentemente têm problemas legais e criminais por isso. Mesmo assim não se ajustam. Freqüentemente manipulam os outros em proveito próprio, dificilmente mantêm um emprego ou um casamento por muito tempo.
Aspectos essenciais
Insensibilidade aos sentimentos alheios
Atitude aberta de desrespeito por normas, regras e obrigações sociais de forma persistente.
Estabelece relacionamentos com facilidade, principalmente quando é do seu interesse, mas dificilmente é capaz de mantê-los.
Baixa tolerância à frustração e facilmente explode em atitudes agressivas e violentas.
Incapacidade de assumir a culpa do que fez de errado, ou de aprender com as punições.
Tendência a culpar os outros ou defender-se com raciocínios lógicos, porém improváveis.
Transtorno de Personalidade Borderline (Limítrofe)
Como se caracteriza ?
Caracteriza-se por um padrão de relacionamento emocional intenso, porém confuso e desorganizado. A instabilidade das emoções é o traço marcante deste transtorno, que se apresenta por flutuações rápidas e variações no estado de humor de um momento para outro sem justificativa real. Essas pessoas reconhecem sua labilidade emocional, mas para tentar encobri-la justificam-nas geralmente com argumentos implausíveis. Seu comportamento impulsivo freqüentemente é autodestrutivo. Estes pacientes não possuem claramente uma identidade de si mesmos, com um projeto de vida ou uma escala de valores duradoura, até mesmo quanto à própria sexualidade. A instabilidade é tão intensa que acaba incomodando o próprio paciente que em dados momentos rejeita a si mesmo, por isso a insatisfação pessoal é constante.
Aspectos essenciais
Padrão de relacionamento instável variando rapidamente entre ter um grande apreço por certa pessoa para logo depois desprezá-la.
Comportamento impulsivo principalmente quanto a gastos financeiros, sexual, abuso de substâncias psicoativas, pequenos furtos, dirigir irresponsavelmente.
Rápida variação das emoções, passando de um estado de irritação para angustiado e depois para depressão (não necessariamente nesta ordem).
Sentimento de raiva freqüente e falta de controle desses sentimentos chegando a lutas corporais.
Comportamento suicida ou auto-mutilante.
Sentimentos persistentes de vazio e tédio.
Dúvidas a respeito de si mesmo, de sua identidade como pessoa, de seu comportamento sexual, de sua carreira profissional.
Transtorno de Personalidade Paranóide
Como se caracteriza ?
Caracteriza-se pela tendência à desconfiança de estar sendo explorado, passado para trás ou traído, mesmo que não haja motivos razoáveis para pensar assim. A expressividade afetiva é restrita e modulada, sendo considerado por muitos como um indivíduo frio. A hostilidade, irritabilidade e ansiedade são sentimentos freqüentes entre os paranóide. O paranóide dificilmente ri de si mesmo ou de seus defeitos, ao contrário ofende-se intensamente, geralmente por toda a vida quando alguém lhe aponta algum defeito.
Aspectos essenciais
Excessiva sensibilidade em ser desprezado.
Tendência a guardar rancores recusando-se a perdoar insultos, injúrias ou injustiças cometidas.
Interpretações errôneas de atitudes neutras ou amistosas de outras pessoas, tendo respostas hostis ou desdenhosas. Tendência a distorcer e interpretar maléficamente os atos dos outros.
Combativo e obstinado senso de direitos pessoais em desproporção à situação real.
Repetidas suspeitas injustificadas relativas à fidelidade do parceiro conjugal.
Tendência a se autovalorizar excessivamente.
Preocupações com fofocas, intrigas e conspirações infundadas a partir dos acontecimentos circundantes.
Transtorno de Personalidade Dependente
Como se caracteriza ?
Caracterizam-se pelo excessivo grau de dependência e confiança nos outros. Estas pessoas precisam de outras para se apoiar emocionalmente e sentirem-se seguras. Permitem que os outros tomem decisões importantes a respeito de si mesmas. Sentem-se desamparadas quando sozinhas. Resignam-se e submetem-se com facilidade, chegando mesmo a tolerar maus tratos pelos outros. Quando postas em situação de comando e decisão essas pessoas não obtêm bons resultados, não superam seus limites.
Aspectos essenciais
É incapaz de tomar decisões do dia-a-dia sem uma excessiva quantidade de conselhos ou reafirmações de outras pessoas.
Permite que outras pessoas decidam aspectos importantes de sua vida como onde morar, que profissão exercer.
Submete suas próprias necessidades aos outros.
Evita fazer exigências ainda que em seu direito.
Sente-se desamparado quando sozinho, por medos infundados.
Medo de ser abandonado por quem possui relacionamento íntimo.
Facilmente é ferido por crítica ou desaprovação.
Transtorno de Personalidade Esquizóide
Como se caracteriza ?
Primariamente pela dificuldade de formar relações pessoais ou de expressar as emoções. A indiferença é o aspecto básico, assim como o isolamento e o distanciamento sociais. A fraca expressividade emocional significa que estas pessoas não se perturbam com elogios ou críticas. Aquilo que na maioria das vezes desperta prazer nas pessoas, não diz nada a estas pessoas, como o sucesso no trabalho, no estudo ou uma conquista afetiva (namoro). Esses casos não devem ser confundidos com distimia.
Aspectos essenciais
Poucas ou nenhuma atividade produzem prazer.
Frieza emocional, afetividade distante.
Capacidade limitada de expressar sentimentos calorosos, ternos ou de raiva para como os outros.
Indiferença a elogios ou críticas.
Pouco interesse em ter relações sexuais.
Preferência quase invariável por atividades solitárias.
Tendência a voltar para sua vida introspectiva e fantasias pessoais.
Falta de amigos íntimos e do interesse de fazer tais amizades.
Insensibilidade a normas sociais predominantes como uma atitude respeitosa para com idosos ou àqueles que perderam uma pessoa querida recentemente.
Trantorno de Personalidade Ansiosa (evitação)
Como se caracteriza ?
Caracteriza-se pelo padrão de comportamento inibido e ansioso com auto-estima baixa. É um sujeito hipersensível a críticas e rejeições, apreensivo e desconfiado, com dificuldades sociais. É tímido e sente-se desconfortável em ambientes sociais. Tem medos infundados de agir tolamente perante os outros.
Aspectos essenciais
*É facilmente ferido por críticas e desaprovações.
Não costuma ter amigos íntimos além dos parentes mais próximos.
Só aceita um relacionamento quando tem certeza de que é querido.
Evita atividades sociais ou profissionais onde o contato com outras pessoas seja intenso, mesmo que venha a ter benefícios com isso.
Experimenta sentimentos de tensão e apreensão enquanto estiver exposto socialmente.
Exagera nas dificuldades, nos perigos envolvidos em atividades comuns, porém fora de sua rotina. Por exemplo, cancela encontros sociais porque acha que antes de chegar lá já estará muito cansado.
Transtorno de Personalidade Histriônica
Como se caracteriza ?
Caracteriza-se pela tendência a ser dramático, buscar as atenções para si mesmo, ser um eterno "carente afetivo", comportamento sedutor e manipulador, exibicionista, fútil, exigente e lábil (que muda facilmente de atitude e de emoções).
Aspectos essenciais
Busca freqüentemente elogios, aprovações e reafirmações dos outros em relação ao que faz ou pensa.
Comportamento e aparência sedutores sexualmente, de forma inadequada.
Abertamente preocupada com a aparência e atratividade físicas.
Expressa as emoções com exagero inadequado, como ardor excessivo no trato com desconhecidos, acessos de raiva incontrolável, choro convulsivo em situações de pouco importância.
Sente-se desconfortável nas situações onde não é o centro das atenções.
Suas emoções apesar de intensamente expressadas são superficiais e mudam facilmente.
É imediatista, tem baixa tolerância a adiamentos e atrasos.
Estilo de conversa superficial e vago, tendo dificuldades de detalhar o que pensa.
Transtorno de Personalidade Obsessiva (anancástica)
Como se caracteriza ?
Tendência ao perfeccionismo, comportamento rigoroso e disciplinado consigo e exigente com os outros. Emocionalmente frio. É uma pessoa formal, intelectualizada, detalhista. Essas pessoas tendem a ser devotadas ao trabalho em detrimento da família e amigos, com quem costuma ser reservado, dominador e inflexível. Dificilmente está satisfeito com seu próprio desempenho, achando que deve melhorar sempre mais. Seu perfeccionismo o faz uma pessoa indecisa e cheia de dúvidas.

Aspectos essenciais
O perfeccionismo pode atrapalhar no cumprimento das tarefas, porque muitas vezes detém-se nos detalhes enquanto atrasa o essencial.
Insistência em que as pessoas façam as coisas a seu modo ou querer fazer tudo por achar que os outros farão errado.
Excessiva devoção ao trabalho em detrimento das atividades de lazer.
Expressividade afetiva fria.
Comportamento rígido (não se acomoda ao comportamento dos outros) e insistência irracional (teimosia).
Excessivo apego a normas sociais em ocasiões de formalidade.
Relutância em desfazer-se de objetos por achar que serão úteis algum dia (mesmo sem valor sentimental)
Indecisão prejudicando seu próprio trabalho ou estudo.
Excessivamente consciencioso e escrupuloso em relação às normas sociais.

Bibliografia:
Ref. Bibliograf: Liv 01 Liv 09 Liv 02 Arch Gen Psychiatry, 2001 58(6): 590-596
The Prevalence of Personality Disorders in a Community Sample
Torgersen Svenn